Fahrenheit 451 - Resenha

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Editora: Globo S.A
Número de páginas: 208
ISBN:9 788525 057501


Você já imaginou como seria sua vida se o governo proibisse a leitura de livros? Bem, esse é o cenário que compõe a sociedade distópica da obra de Ray Bradbury. Os livros são tidos como elemento propulsor de desigualdade social. A palavra ''intelectual'' não deve ser mencionada. E é nesse ambiente atípico que o bombeiro Montag vive, sua função aqui não é apagar incêndios, mas sim, queimar livros. O lema dos bombeiros é: ''Reduza os livros às cinzas e, depois, queime as cinzas.''
Por que uma sociedade que lê e questiona é temida pelo governo? Por que é importante estudar a sociedade em que vivemos? Não basta vivê-la? Essas são algumas das questões que permeiam a leitura da obra de Bradbury.
Ademais, o próprio Montag irá se autoquestionar após uma conversa com sua vizinha Clarisse, uma jovem perspicaz e incomum diante dessa sociedade totalitária. Clarisse é uma jovem peculiar, pois, gosta de fazer perguntas (o que já é extremamente anômalo, uma vez que a maioria das pessoas não tem esse costume, pois, o governo fornece todas as respostas). Clarisse não está preocupada em saber como as coisas funcionam, mas sim, porquê funcionam.
Ora, quem melhor para responder essas perguntas do que a Sociologia, Filosofia, História e demais ciências humanas? Bem, seriam elas as fornecedoras de conceitos e análises das questões sociais de um modo sistemático, indo além do senso comum. Contudo, tais áreas não são permitidas pelo governo despótico. E há uma razão para isso, que o autor deixa entrelinhas: Uma das preocupações dessas áreas é justamente formar indivíduos autônomos, que se transformem em pensadores independentes, capazes de analisar o noticiário, as novelas, os programas que passam na tv cotidianamente, percebendo o que está oculto nos discursos e, enfim, formar o seu próprio julgamento sobre os fatos vistos. É por isso que as ciências humanas e, em especial a Sociologia, importunam e causam tanto medo. São elas as responsáveis por revelarem certos aspectos da sociedade que alguns indivíduos ou grupos sociais se empenham em ocultar. 
O que o governo de Fahrenheit 451 faz (porém, não só ele) é justamente impedir que determinados atos e fenômenos sejam conhecidos do público, visto que de alguma forma o esclarecimento de tais fatos podem perturbar seus interesses e/ou convicções.

Por conseguinte, após algumas conversas com Clarisse, Montag passa a ter uma curiosidade maior sobre os livros. O que eles tem? Por que a leitura perturba as pessoas? Bem, é por essas e mais outras questões que Montag comete um crime: em uma de suas missões, pega um livro escondido, leva-o  para casa e começa a lê-lo.
O que acontece depois disso? Ahhh não posso contar, você precisa ler para descobrir! Mas, uma coisa que esse livro desperta (ou renova) é o amor que sentimos pela leitura. Leio, não só para questionar aquilo que é visto como natural pela sociedade. Leio, porque encontro conforto nos livros. Eles são capazes de exprimir meus sentimentos e, ainda, são meus melhores amigos. Todo mundo já ficou como Montag um dia, preso no mito da caverna de Platão. Aprisionado pelos grilhões dos preconceitos e da barbárie. Por isso, permita-se sair da caverna.  Não se deixe intimidar pelos padrões sociais que nos são impostos. Liberte-se!

Fahrenheit 451 - O filme

Em 1966 a obra virou adaptação cinematográfica, sob direção de François Truffaut. Montag é interpretado pelo ator Oskar Werner e Clarisse/Meldrid - que no filme se chama Linda - é interpretada pela atriz Julie Christie.
O filme é tão bom quanto o livro, mas claro, como era de esperar algumas coisas foram mudadas. Mesmo assim, vale a pena conferir o filme do Truffaut. Pra quem quiser, ele está disponível no youtube.