Via Láctea & Outros Poemas - Olavo Bilac

Via Láctea & Outros Poemas  - Olavo Bilac
Editora: Valer
Número de páginas: 76
ISBN: 9781234 567897

O autor

Olavo Bilac (Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 1865 - 28 de dezembro de 1918) foi um jornalista,  funcionário público e membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Conquistou imensa popularidade pela sua poética, consagrando-se como um dos maiores poetas de todos os tempos no país.
Sua lírica caracteriza-se pela linguagem sofisticada e intensa; exaltação pelos poemas épicos da Antiguidade e, ainda, pelo nacionalismo. Além disso, a poesia de Olavo Bilac tem bastante apelação sensorial, com combinações de cores, sons e imagens. Juntamente com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, formavam a famosa ''tríade parnasiana''. 
Uma vez que o poeta gostava muito de viajar, tendia a comparar a realidade sócio-política do Brasil com alguns países da Europa. Isto o influenciou - tanto na vida de militância, quanto na escrita.
Olavo Bilac já foi retratado como personagem no cinema e na televisão. Na televisão sendo interpretado por Rui Minharro, na minissérie Chiquinha Gonzada. No cinema, foi interpretado por Carlos Alberto Riccelli no filme Brasília 18%.
O poeta faleceu aos 53 anos, em sua cidade natal.

Via Láctea & Outros Poemas 

 A linguagem desse poema é fortemente marcada pelo coloquialismo e intimidade entre o eu-lírico e o interlocutor. (características atípicas do Parnasianismo, que prezava pela linguagem culta e erudita). Sendo assim, o eu-lírico assume uma postura mais intimista e subjetiva.
A Via Láctea é uma série de 35 poemas líricos nos quais são contados a busca do eu lírico pela mulher amada acompanhada pelas estrelas. Desse modo, no decorrer do poema, o que mais me chamou a atenção foram os diálogos com o interlocutor. Especialmente no soneto em que o eu-lírico o interroga sobre sua capacidade de conversar com as estrelas (quando a manhã chega, o poeta sente falta de suas companheiras, que o ajudam na busca incessante pelo amor de sua vida):

XII
''Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!'' E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálido aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: ''Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?''

E eu vos direi: ''Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas''.

Além de Via Láctea, o livro é composto de outros poemas, tais como:
1. Panóplias
2. Sarças do fogo
3. Alma Inquieta
4. Tarde

Logo abaixo, expus os meus sonetos favoritos:

 


 



TAG: 6 livros para ler em um dia


2014 está chegando ao seu fim e você ainda não cumpriu sua meta de leitura? Eu te dou 6 seis dicas de leituras rápidas, mas que são imensamente importantes para o intelecto. Vem conferir!

1. Carta ao Pai - Franz Kafka

Aos 36 anos, Kafka inconformado com sua relação paternal resolve escrever uma carta expressando tudo aquilo que lhe angustiou na infância e, posteriormente, na vida adulta. Tal carta, nunca foi entregue ao destinatário. Kafka direciona-se ao pai como ''tirano'' e ''rei''. 
No decorrer da leitura, percebe-se que o pai minou-lhe a autoestima, transformando-o em uma pessoa acanhada e introspectiva.
Todo o drama envolto da carta é emocionante. As palavras de Kafka deixam o leitor indignado com as atitudes do Grande Ditador. 
''Esse sentimento de nulidade que me domina com frequência (um sentimento que, aliás, visto por outro ângulo pode ser bem nobre e produtivo) surgiu em boa parte por causa da tua influência.''


2. Lord Edgware Dies - Agatha Christie 

É claro que a rainha do crime não poderia ficar fora dessa lista. A tradução desse livro ficou ''Treze à mesa'' (foi lançado pela editora Nova Fronteira).
Mais um enigma policial brilhante que somente o detetive Hercule Poirot é capaz de solucionar. Como todo livro da Agatha, o final é surpreendente! Eu, por exemplo, nunca consegui desvendar o verdadeiro culpado.
A morte do Lord Edgware é facilmente desvendada, porém, essa simplicidade deixa o detetive com um pé atrás da orelha e logo passará a investigar minuciosamente o desfecho do crime.
Não posso me alongar muito, pois será spoiler. Então fica ai a dica de mais um livro misterioso e inaudito da maravilhosa Rainha do Crime.

                                                           
   3. A revolução dos bichos - George Orwell

"Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros." 
A intenção de Orwell nesse livro era fazer um paródia da trajetória da Revolução Russa. Mas, o livro vai além disso: pode ser ligado a muitos temas de qualquer lugar e época, uma vez que retrata a ganância, a corrupção e o controle da mídia. 
Tudo começa quando os animais da fazenda Granja do Solar revoltam-se contra os seus donos, uma vez que estavam cansados de serem explorados. Sendo assim, baseiam-se no lema: ''Quatro pernas bom, duas pernas ruim''.
No entanto, nem tudo sai como era o planejado. Os porcos - que são os animais astuciosos da fazenda - passam a ter certos privilégios e, aos poucos, tornam-se déspotas. Vale a pena conferir o desenrolar da história, escrita de forma sarcástica e brilhante pelo George Orwell.

4. A hora da Estrela - Clarice Lispector  
Esse é, sem dúvidas, um dos livros mais lindos que li na vida! Clarice, como ninguém, consegue tocar a alma do leitor de maneira que faz você sentir tudo aquilo que a personagem está passando.
O livro conta a história de Macabéa, uma jovem que ao perder a mãe vai para o Sudeste tentar melhorar de vida. Contudo, Macabéa é uma pessoa singular: não tem consciência da sua existência e sua única válvula de escape no mundo é ouvir a Rádio Relógio.
Todas as incertezas e frustrações que permeiam a vida da personagem criam um elo com o leitor. Não há pessoa no mundo que não goste de Macabéa.
''Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.''


                                                                
5. O que faz o brasil, Brasil? - Roberto DaMatta

DaMatta explana nesse livro um apanhado de questões que a antropologia brasileira e do Brasil, vem lidando. (parece a mesma coisa, mas há uma diferença entre Antropologia NO Brasil e Antropologia DO Brasil).
De maneira simples e sucinta, o antropólogo expressa bem o caráter denso da realidade brasileira. Afinal, o que é o Brasil?
Para responder tal questão, DaMatta faz um levantamento histórico-antropológico dos pequenos gestos, hábitos aparentemente inocentes que passam despercebidos no dia-a-dia do brasileiro. E, ainda, as festividades do país: Carnaval, o Dia da Pátria e as procissões - todos esses aspectos elucidam um quadro social e cultural complexo.
Essa sim é uma obra imprescindível para o leitor apaixonado por história e/ou antropologia. 
''As sociedades e os grupos fazem coisas parecidas. E a memória social (isso que vulgarmente se chama de ''tradição'' ou ''cultura''), que é sempre feita de uma história com H maiúsculo, é também marcada por meio desses momentos que permitem alternâncias certas entre o que foi concebido e vivido como rotineiro e habitual e tudo aquilo que foi vivenciado como crise, acidente, festa ou milagre. Pois o homem é o único animal que se constrói pela lembrança, pela recordação e pela ''saudade'', e se ''descontrói'' pelo esquecimento e pelo modo ativo com que consegue deixar de lembrar.''

6. A morte de Ivan Ilitch - Lev Tolstói

''A descrição de uma aldeia é a história do mundo''. Talvez uma das frases mais famosas do autor, explica perfeitamente sobre o que esse livro se trata. 
No decorrer da leitura, o leitor se depara com o mundo burguês/judiciário da Rússia do século XIX. Ivan Ilitch, após anos trabalhando com afinco, alcança uma vida estável - do ponto de vista econômico.
Porém, tal estabilidade não dura muito: Ivan Ilitch se vê gravemente doente e a partir desse momento sua vida muda por inteiro. 
A doença lhe trouxe, além da dor física, a dor moral. Isto porque o protagonista enxerga a futilidade e o vazio que lhe rodearam a sua vida inteira.
Não posso me alongar muito sobre esse livro, pois acredito que somente quem o lê é capaz de entender como uma dor pode também tornar-se uma bênção.
''O doutor dizia que os sofrimentos físicos dele eram terríveis, e dizia verdade; mas os seus sofrimentos morais eram mais terríveis que os físicos, e nisso consistia a sua tortura maior.''



Espero que tenham gostado da TAG. Até a próxima!

Resenha - Do Contrato Social

"O homem nasceu livre e, não obstante, está acorrentado em toda a parte. Julga-se senhor dos demais seres sem deixar de ser tão escravo como eles. Como se tem realizado essa mutação? Ignoro-o. Quem pode legitimá-la? Creio poder responder a esta questão."



Do Contrato Social
Considerada uma obra imprescindível da Ciência Política, Do contrato Social de Jean-Jacques Rousseau contribuiu para que maior justiça e igualdade reinassem entre os homens. O livro foi escrito no ano de 1762 e, mesmo passado tanto tempo, traz consigo críticas muito atuais.
Partindo do pressuposto de que "o homem nasce livre e em toda parte encontra-se acorrentado", o autor pressupõe um pacto legítimo entre os homens. Ou seja, a única forma de os indivíduos garantirem seus direitos seria através de uma organização da sociedade civil. Sendo assim, em seu contrato social, cada indivíduo estaria de acordo em submeter à vontade da maioria.
Logo, a decisão da maioria – que ele irá chamar de Vontade Geral – é sempre justa, tornando-se absolutamente obrigatória para cada cidadão. No Estado de Rousseau, ninguém sairá prejudicado, uma vez que o povo entra em consenso, num clima de igualdade e liberdade. A lei é o povo que faz, ao mesmo tempo em que o próprio povo lhe é submetido.
Mais adiante, o autor distingue as três formas de governo: Democracia, aristocracia e monarquia. A primeira, não é digna dos homens, visto que um governo tão perfeito quanto a democracia, só serviria aos deuses. Quanto à aristocracia, o suíço é sucinto: esta forma de governo leva consigo a desigualdade de fortunas.

Qual seria a melhor forma de governo para Rousseau? A Monarquia. Sim, meus caros, pois somente o príncipe é uma pessoa moral e coletiva. A vontade geral e a força pública do Estado são representados pelo monarca. Observa-se que o governo democrático convém aos pequenos Estados, a aristocracia aos medíocres e a monarquia aos grandes.
Mas eis o ponto-chave do sistema político de Rousseau: apesar de considerar a Monarquia a melhor forma de governar um país, o autor afirma que não existe uma ação política boa em si mesma – em termos absolutos – isto porque conforme o grau de problema do Estado, é preciso encontrar uma solução que se ajuste a ele. Desse modo, o país – sendo ele aristocrata, monárquico ou democrático – deve-se preocupar acima de tudo com a segurança e a liberdade de cada indivíduo e a única função do Estado é expressar a vontade geral.
Rousseau discordava daqueles que levavam uma vida luxuosa, pois, acreditava que a propriedade privada deu origem à desigualdade social. Por isso, defendeu de todas as maneiras que pôde a ascensão de uma sociedade mais justa e igualitária, que residiria na vontade geral. Rousseau deixa-nos como ensinamento que o maior bem de todos encontra-se na liberdade e igualdade. O pacto social deve dar oportunidade para que todos gozem das mesmas condições e dos mesmos direitos.
"Que nenhum cidadão seja bastante opulento para poder comprar a outro, e nenhum homem tão paupérrimo para necessitar vender-se."