Como eu estudo - Parte I: Francês



Uma das coisas que as pessoas pedem muito no instagram (@leiologopenso) é um post dando dicas de estudos. Então, resolvi separar em duas partes: num primeiro momento falarei como eu estudo para o meu curso de língua estrangeira - que no caso é o francês - e posteriormente comentarei um pouco sobre a minha rotina de estudos para a faculdade. Espero que alguma dessas dicas sirva para ajudá-los! 

1. Aprender uma nova língua requer três atributos essenciais: disciplina, curiosidade e força de vontade. Não é uma tarefa fácil como muitos pensam, por isso é necessário ter disciplina e força de vontade: você precisa se dedicar ao máximo para aprender a língua desejada. Não adianta nada estudar somente dentro da sala e passar o resto da semana sem tocar nos livros. Sendo assim, tire um tempo do seu dia para estudar a língua. Comece com uns 20 minutos e vá aumentando à medida que for compreendendo melhor o assunto. Eu estudo, em média, uma hora em francês por dia. Isso ajuda a manter a fluência e aumentar o vocabulário.

2. Procure músicas na língua que você está estudando. Isso ajuda muito! Tanto para se acostumar com a pronúncia quanto para expandir o seu vocabulário. No início do curso eu fazia da seguinte forma: Pegava uma música e ouvia sem olhar a tradução, para ver se conseguia entender somente ouvindo. Depois, ouvia a música novamente - dessa vez, acompanhando a letra. E, finalmente, após todo esse processo eu tentava traduzir aquilo que tinha ouvido.

3. Assim como as músicas auxiliam na aprendizagem, os filmes também são uma boa pedida. A internet está recheada de sugestões de filmes, basta você dar uma procuradinha. Contudo, antes de eu começar a assistir filmes em francês procurava no youtube desenhos (isso inclui: Pernalonga, As meninas super poderosas, A caverna do Dragão, Dora a Aventureira, dentre outros) Sim, parece patético mas os desenhos também são uma excelente forma de aprender a língua desejada. 

4. Leia. A leitura é essencial para ter uma boa fluência. Quem me acompanha no instagram sabe que eu estou lendo pelo menos um livro em francês por mês. Mas, há outras alternativas: jornais e revistas onlines são também ótimos elementos de aprendizagem. 

5. Fale consigo mesmo na língua que você está aprendendo. Eu sei, parece idiotice mas ajuda muito. Fique em frente ao espelho, pegue um objeto qualquer e comece a criar um diálogo. Vocês vão ver como isso faz a diferença.

6. Se você entra no youtube para acompanhar as gurus de beleza, ou vlogs literários, de games, etc., por que não procurar na língua que você está aprendendo? Além de você ouvir/ver sobre algo que te interessa, você estará exercitando a língua. No meu caso, acompanho alguns canais literários franceses. 

7. O francês é uma língua complicada para aprender - eu tenho dificuldade nos tempos verbais. Por esta razão, fiz uma tabela com os dois principais verbos (Être e Avoir) conjugados em todos os tempos e coloquei na parede do meu escritório. Logo, todo dia eu olho para eles e isso tem facilitado bastante a minha vida.

Espero que essas dicas tenham ajudado vocês, beijo!


Resenha - Laranja Mecânica

Hoje seria aniversário do Anthony Burgess e, para comemorar, a Ludimila Rolim fez uma resenha sobre a sua principal obra: Laranja Mecânica.


Laranja Mecânica foi escrito por Anthony Burgess, romancista Inglês que também escreveu outras obras (Sementes Malditas, Qualquer Ferro Velho, entre outras). Laranja Mecânica foi adaptado para o cinema pelo diretor norte-americano Stanley Kubrick, lançado em 1971.
O livro tem a sua narrativa dividida em três partes, elas retratam três tempos distintos na trama, na qual Alex é o narrador da história. A primeira parte expõe os atos de violência que o protagonista e a sua “gangue” infligiam a inúmeras pessoas, na cidade futurista e bucólica de Londres. Alex lidera uma gangue de adolescentes, seus amigos ou “drugues”, George, Pete e Tosko, destinam parte da noite para cometer crimes – furtos, estupros e brigas com gangues rivais – por puro divertimento. Porém, em uma noite, seus “drugues” já irritados com a postura ditatorial de Alex, o enganam. Ao invadirem a casa, Alex comete um crime, e quando tenta fugir do local é atingindo no rosto por um de seus “drugues” com uma garrafa de leite ou “Moloko” e acaba sendo preso e condenado a 14 anos de prisão.
A segunda parte, o espaço central é a prisão, onde figuras do Estado e do Indivíduo se tornam cada vez mais evidentes, quando, no cárcere, o nome Alex dá lugar ao número, o prisioneiro 6655321. Na prisão Alex passa a ajudar o padre como forma de conquistar sua confiança, a ponto de fazer o padre lhe dizer sobre o um processo experimental, denominado “Técnica Ludovico”, uma terapia que prometia a reabilitação do condenado em duas semanas. A terapia consiste em retirar a capacidade de escolha (violentas) do indivíduo, a partir de sessões diárias de filmes com alto teor de violência juntamente com doses injetadas de uma droga que proporciona sensações de mal-estar. Assim, a deflagração de experiências físicas insuportáveis (como náusea e enjoo) é deliberadamente associada a qualquer forma de agressão, fazendo com que a pessoa opte por condutas gentis para evitar o mal-estar.
A terceira parte, após se submeter ao “tratamento de Ludovico”na qual funciona como um artifício para a ressocialização do sujeito criminoso por meio do condicionamento através das sessões de filmes violentos e, assim possibilitado ser reintegrado à sociedade. A partir desse momento da história Alex passa a reencontrar com os personagens que de alguma forma ele agiu violentamente.
Os momentos de encontros com antigos conhecidos se torna traumático para Alex, onde se depara com incertezas no qual está vivenciando.O último capítulo dessa parte é um dos momentos que dão sentido a todo o trabalho de Burgess em Laranja Mecânica, pois Alex passa por um momento de amadurecimento, indicando que a violência característica de seu personagem era uma fase a ser superada.
Tanto o Livro de Anthony Burgess quanto sua adaptação para o cinema, buscam tratar de fatores como a questão do sistema carcerário e sua ineficácia, a inclusão do criminoso na sociedade. Percebe-se também, que adolescência e amadurecimento são temas que devem ser postos em reflexão, sobretudo em cima da questão de quanto da essência selvagem e ainda não condicionada pela sociedade está presente no ser humano que ainda não amadureceu.
A “técnica Ludovico” por qual Alex passa ao ser submetido nas sessões de filmes violentos, é um método de associação - um método educacional -, esse método faz com que Alex perca sua capacidade de escolha, já que ao imaginar ou querer cometer atos violentos ele passará mal, pois junto com as imagens a droga em seu corpo o induz a associar as imagens a coisas erradas e resultando em seu mal-estar. Então a violência surge como algo condenável que vai contra a sociedade. O próprio título do livro/filme Laranja Mecânica associa dois elementos opostos, a laranja sendo uma fruta e, logo, algo natural, e a máquina, um mecanismo frio e sem vida, portanto, cria-se uma associação com a lavagem cerebral proposta no livro/filme, que transformaria um ser humano em máquina condicionada.

 


Fahrenheit 451 - Resenha

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Editora: Globo S.A
Número de páginas: 208
ISBN:9 788525 057501


Você já imaginou como seria sua vida se o governo proibisse a leitura de livros? Bem, esse é o cenário que compõe a sociedade distópica da obra de Ray Bradbury. Os livros são tidos como elemento propulsor de desigualdade social. A palavra ''intelectual'' não deve ser mencionada. E é nesse ambiente atípico que o bombeiro Montag vive, sua função aqui não é apagar incêndios, mas sim, queimar livros. O lema dos bombeiros é: ''Reduza os livros às cinzas e, depois, queime as cinzas.''
Por que uma sociedade que lê e questiona é temida pelo governo? Por que é importante estudar a sociedade em que vivemos? Não basta vivê-la? Essas são algumas das questões que permeiam a leitura da obra de Bradbury.
Ademais, o próprio Montag irá se autoquestionar após uma conversa com sua vizinha Clarisse, uma jovem perspicaz e incomum diante dessa sociedade totalitária. Clarisse é uma jovem peculiar, pois, gosta de fazer perguntas (o que já é extremamente anômalo, uma vez que a maioria das pessoas não tem esse costume, pois, o governo fornece todas as respostas). Clarisse não está preocupada em saber como as coisas funcionam, mas sim, porquê funcionam.
Ora, quem melhor para responder essas perguntas do que a Sociologia, Filosofia, História e demais ciências humanas? Bem, seriam elas as fornecedoras de conceitos e análises das questões sociais de um modo sistemático, indo além do senso comum. Contudo, tais áreas não são permitidas pelo governo despótico. E há uma razão para isso, que o autor deixa entrelinhas: Uma das preocupações dessas áreas é justamente formar indivíduos autônomos, que se transformem em pensadores independentes, capazes de analisar o noticiário, as novelas, os programas que passam na tv cotidianamente, percebendo o que está oculto nos discursos e, enfim, formar o seu próprio julgamento sobre os fatos vistos. É por isso que as ciências humanas e, em especial a Sociologia, importunam e causam tanto medo. São elas as responsáveis por revelarem certos aspectos da sociedade que alguns indivíduos ou grupos sociais se empenham em ocultar. 
O que o governo de Fahrenheit 451 faz (porém, não só ele) é justamente impedir que determinados atos e fenômenos sejam conhecidos do público, visto que de alguma forma o esclarecimento de tais fatos podem perturbar seus interesses e/ou convicções.

Por conseguinte, após algumas conversas com Clarisse, Montag passa a ter uma curiosidade maior sobre os livros. O que eles tem? Por que a leitura perturba as pessoas? Bem, é por essas e mais outras questões que Montag comete um crime: em uma de suas missões, pega um livro escondido, leva-o  para casa e começa a lê-lo.
O que acontece depois disso? Ahhh não posso contar, você precisa ler para descobrir! Mas, uma coisa que esse livro desperta (ou renova) é o amor que sentimos pela leitura. Leio, não só para questionar aquilo que é visto como natural pela sociedade. Leio, porque encontro conforto nos livros. Eles são capazes de exprimir meus sentimentos e, ainda, são meus melhores amigos. Todo mundo já ficou como Montag um dia, preso no mito da caverna de Platão. Aprisionado pelos grilhões dos preconceitos e da barbárie. Por isso, permita-se sair da caverna.  Não se deixe intimidar pelos padrões sociais que nos são impostos. Liberte-se!

Fahrenheit 451 - O filme

Em 1966 a obra virou adaptação cinematográfica, sob direção de François Truffaut. Montag é interpretado pelo ator Oskar Werner e Clarisse/Meldrid - que no filme se chama Linda - é interpretada pela atriz Julie Christie.
O filme é tão bom quanto o livro, mas claro, como era de esperar algumas coisas foram mudadas. Mesmo assim, vale a pena conferir o filme do Truffaut. Pra quem quiser, ele está disponível no youtube.