Resenha - Laranja Mecânica

Hoje seria aniversário do Anthony Burgess e, para comemorar, a Ludimila Rolim fez uma resenha sobre a sua principal obra: Laranja Mecânica.


Laranja Mecânica foi escrito por Anthony Burgess, romancista Inglês que também escreveu outras obras (Sementes Malditas, Qualquer Ferro Velho, entre outras). Laranja Mecânica foi adaptado para o cinema pelo diretor norte-americano Stanley Kubrick, lançado em 1971.
O livro tem a sua narrativa dividida em três partes, elas retratam três tempos distintos na trama, na qual Alex é o narrador da história. A primeira parte expõe os atos de violência que o protagonista e a sua “gangue” infligiam a inúmeras pessoas, na cidade futurista e bucólica de Londres. Alex lidera uma gangue de adolescentes, seus amigos ou “drugues”, George, Pete e Tosko, destinam parte da noite para cometer crimes – furtos, estupros e brigas com gangues rivais – por puro divertimento. Porém, em uma noite, seus “drugues” já irritados com a postura ditatorial de Alex, o enganam. Ao invadirem a casa, Alex comete um crime, e quando tenta fugir do local é atingindo no rosto por um de seus “drugues” com uma garrafa de leite ou “Moloko” e acaba sendo preso e condenado a 14 anos de prisão.
A segunda parte, o espaço central é a prisão, onde figuras do Estado e do Indivíduo se tornam cada vez mais evidentes, quando, no cárcere, o nome Alex dá lugar ao número, o prisioneiro 6655321. Na prisão Alex passa a ajudar o padre como forma de conquistar sua confiança, a ponto de fazer o padre lhe dizer sobre o um processo experimental, denominado “Técnica Ludovico”, uma terapia que prometia a reabilitação do condenado em duas semanas. A terapia consiste em retirar a capacidade de escolha (violentas) do indivíduo, a partir de sessões diárias de filmes com alto teor de violência juntamente com doses injetadas de uma droga que proporciona sensações de mal-estar. Assim, a deflagração de experiências físicas insuportáveis (como náusea e enjoo) é deliberadamente associada a qualquer forma de agressão, fazendo com que a pessoa opte por condutas gentis para evitar o mal-estar.
A terceira parte, após se submeter ao “tratamento de Ludovico”na qual funciona como um artifício para a ressocialização do sujeito criminoso por meio do condicionamento através das sessões de filmes violentos e, assim possibilitado ser reintegrado à sociedade. A partir desse momento da história Alex passa a reencontrar com os personagens que de alguma forma ele agiu violentamente.
Os momentos de encontros com antigos conhecidos se torna traumático para Alex, onde se depara com incertezas no qual está vivenciando.O último capítulo dessa parte é um dos momentos que dão sentido a todo o trabalho de Burgess em Laranja Mecânica, pois Alex passa por um momento de amadurecimento, indicando que a violência característica de seu personagem era uma fase a ser superada.
Tanto o Livro de Anthony Burgess quanto sua adaptação para o cinema, buscam tratar de fatores como a questão do sistema carcerário e sua ineficácia, a inclusão do criminoso na sociedade. Percebe-se também, que adolescência e amadurecimento são temas que devem ser postos em reflexão, sobretudo em cima da questão de quanto da essência selvagem e ainda não condicionada pela sociedade está presente no ser humano que ainda não amadureceu.
A “técnica Ludovico” por qual Alex passa ao ser submetido nas sessões de filmes violentos, é um método de associação - um método educacional -, esse método faz com que Alex perca sua capacidade de escolha, já que ao imaginar ou querer cometer atos violentos ele passará mal, pois junto com as imagens a droga em seu corpo o induz a associar as imagens a coisas erradas e resultando em seu mal-estar. Então a violência surge como algo condenável que vai contra a sociedade. O próprio título do livro/filme Laranja Mecânica associa dois elementos opostos, a laranja sendo uma fruta e, logo, algo natural, e a máquina, um mecanismo frio e sem vida, portanto, cria-se uma associação com a lavagem cerebral proposta no livro/filme, que transformaria um ser humano em máquina condicionada.

 


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